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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Educação é para educador, não para "auleiro"


Educação é para educador, não para "auleiro"

A cada dia me deparo com mais absurdos na educação da minha cidade e de meu Estado. A situação é vexatória não só pelos proventos que recebemos de um Estado que repassa o teto mínimo de arrecadação destinada à Educação para o investimento na mesma, mas também pela postura indigna de nosso Governador e de seu Secretário de Educação, Sr. Wilson Risolia, que de educador nada tem em seu íntimo.


É de uma cretinice fundamental o Sr. Secretário dizer que "sempre" esteve abertos às negociações, quando, na verdade, desde que seu plano de metas foi implementado ele recebeu os representantes do SEPE apenas uma única vez. Nunca esteve aberto a nós, educadores, uma vez que sua postura reflete a do governo do Estado do Rio de Janeiro: implementar as medidas sem consultar quem realmente entende de Educação, o Educador.


O gestor, Risolia, é partidário daquela perversidade típica dos déspotas esclarecidos, que aparentemente têm as melhores das intenções para com os súditos, mas em verdade querem enclausurar os cidadãos em uma redoma de demagogia para que ele mesmo, o cidadão se veja enredado em um plano do qual ele é refém, coadjuvante, e não protagonista.


A preocupação do atual Governo do Estado em erguer estádios, em gerar receita, em parecer bem nas fotos do Comitê Olímpico Internacional e da FIFA mascara o descaso que esse mesmo governo tem para com a sociedade civil e para com a construção de uma vida digna e mais igualitária junto a essa mesma sociedade. Por sua vez, esses comitês deveriam atentar para o fato de que esse mesmo Estado não apresenta as condições básicas de lidar com o caos urbano que assola seu habitantes, que dirá, a possibilidade de um caos durante a realização de um evento internacional de tamanhas proporções.


O dinheiro investido pelos interesses políticos que trouxeram a COPA de 2014 e a Olimpíada de 2016 para o Brasil deveria ter parcela considerável destinada à saúde, segurança pública e educação, e sabemos que não veremos a cor destes "reais" porque nem mesmo recebemos do governo aquilo que seria o mínimo dignificante para exercermos a tarefa de educar nossos jovens.


A Escola, que na época dos meus pais, embora mais elitista do que hoje, fora o lugar da construção de um saber que poderia ser aplicado na construção da dignidade da pessoa humana, agora se transforma em um amontoado de conteúdos escolhidos a esmo pela comissão de gestão de Educação do Estado, sem ao menos uma consulta prévia aos professores comprometidos com o formar, com o educar desses milhares de jovens. O currículo mínimo -  ideia bastante interessante se aplicada de maneira democrática - não coabita o conteúdo dos livros didáticos oferecidos pelo Governo como opção no ano de 2011. E a escola, por sua vez,  também não tem como oferecer ao professor a possibilidade de confecção de um material adicional, porque não há recurso suficiente. Os vestibulandos de hoje na escola pública só serão aprovados por um milagre educativo, de um Santo que ainda não fora canonizado, São Professor.


Queremos transparência nas contas públicas do dinheiro investido para a realização dos Jogos de 2014 e 2016. Queremos o valor máximo possível do PIB que nos é destinado. O valor de 5% é risível!!! O Estado que mais arrecada com tributação no país é o Estado do Rio de Janeiro (vejam a reportagem: http://blogcarioca.com.br/2010/02/08/rio-de-janeiro-gera-maior-arrecadacao-de-impostos-que-os-outros-estados/) É uma vergonha o que encontramos em sala de aula, é uma vergonha o plano de metas e é uma vergonha o nosso salário. 

O salário de um Gari da COMLURB é de R$ 876,00 iniciais, o que iclui o salário mínimo nacional, R$ 166,34 de insalubridade (o que também temos direito de ganhar, pelos riscos que corremos), R$ 255,00 de vale refeição, sem contar vale transporte, plano de saúde e gratificação por desempenho. A exigência de formação é o Ensino Fundamental I completo. Eu pergunto, qual o investimento que o Gari faz pra se formar? Qual a dedicação que ele tem fora do horário de trabalho? Não desmereço sua importância de maneira nenhuma, mas não é incoerente nosso salário inicial ser de R$ 756,66, com descontos R$ 681,43? Para que investimos os anos de graduação, especialização, mestrado e doutorado? Para ganhar mais R$ 200,00 com Mestrado, mais R$ 400,00 com Doutorado, não cumulativos? Isso é uma vergonha, não acha Sr. Governador?

Com R$ 681,43 é possível comprar 125 saquinhos de bananadas em pedaços…
Com R$ 681,43 é necessário trabalhar 44 meses para comprar um carro zero quilômetro 1.0.
O argumento de quem governa e das demais classes operárias é que esse salário é pago por 16 horas de trabalho semanais. Mas não contam a preparação de aulas, de provas, correção, feiras multidisciplinares, eventos extraclasse, reuniões pedagógicas e outra gama de eventos de reciclagem profissional dos quais participamos sem nenhuma remuneração e que ora são exigidos do próprio governo para que sejamos premiados com o nosso 14º salário de BANANADAS.
Pedimos mais respeito conosco Sr. Governador e Sr. Secretário. Que pelo menos escutem-nos, pelo menos recebam-nos, pelo menos admitam que poderiam fazer mais. Inventem uma desculpa melhor do que a de sempre "Estamos fazendo o melhor. Já investimos tantos milhões na Educação". Certamente esses milhões não atingiram nosso bolso. Não foram parar em nossa conta-salário. Para onde foram os milhões? Compraram carteiras novas, colocaram ar-condicionado (que na minha escola ainda não chegaram), deram a migalha de parte de nosso vale-transporte, que só nos transporta por meio mês caso tenhamos nossa carga horária maior que dois dias na semana? Seria interessante prestar contas, já que nos exigem tanta excelência na conduta, na postura, na criatividade e cobram de nossos diretores essa mesma transparência na planilha mensal de prestação de contas.
Cansamos... a sociedade precisa saber onde está nosso dinheiro. Temos direito à educação de qualidade, mas a condição sine qua non para que isso ocorra é uma melhor remuneração do educador. Punam o professor que é auleiro. Punam o funcionário público "purê de batatas morais", mas não punam o EDUCADOR. Este educa por ofício. Escolheu o caminho mais difícil, para chegar ao resultado mais correto. 
Faça o favor de nos contar onde gasta os proventos de nossos tributos. Publique uma planilha mostrando o quanto da arrecadação bilhonária do Estado - que, PASMEM, arrecada mais de tributos do contribuinte que São Paulo - vai para os cofres da Educação e, em termos reais, o quanto disso poderia ser revertido aos nossos proventos.
Só exigimos clareza, porque o elegemos. Aliás, eu não votei no Senhor. Meu voto foi dedicado a algum político que ainda deve estar se preparando para se candidatar. Meu voto espera por alguém que governe pelo povo e para o povo. E, se possível fosse, gostaría de ter elegido também nosso Secretário de Educação, pois certamente ele seria um educador, saído das salas de aula, oriundo do salário de BANANADAS direto para seu gabinete, para que lutasse pelos interesses reais da classe e pudesse nos oferecer uma saída digna, pois do contrário valeria mais a pena vender as BANANADAS no semáforo, ao invés de ganhar um salário que só me permite comprá-las.
Aguardamos ansiosos seu pronunciamento.

PROFESSORES EM GREVE SERÃO DESCONTADOS



Sepe ameaça boicotar reposição de aulas

Rio - Professores  da rede estadual que aderiram à greve por tempo indeterminado anunciada terça-feira terão os dias descontados. A medida já foi adotada pela Secretaria Estadual de Educação em anos anteriores. “Se houver corte de ponto, não haverá reposição das aulas”, avisa Tarcísio Carvalho, diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe).
A categoria quer 26% de reajuste, incorporação da gratificação do programa Nova Escola e descongelamento do plano de carreira. Segundo o Sepe, a adesão chegou a 60%. A SME afirma que não passou de 2% (17 escolas).
Hoje, professores se unem aos bombeiros na Alerj, às 16h, para pressionar deputados a interceder junto ao governador Sérgio Cabral.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

GREVE POR TEMPO INDETERMINADO


Veja o calendário da greve na rede estadual:

dias 8 e 9 de junho (quarta e quinta-feiras) - reuniões 

nas escolas com a comunidade escolar para que a categoria 
explique os motivos da greve;

dia 9 de junho (quinta-feira): Profissionais da Capital e 

Grande Rio: Ato na Alerj, em conjunto com bombeiros e outros 
segmentos do serviço público estadual, a partir das 16, 
para pressionar os deputados a intercederem para que o
 governo abra negociações;

dia 10 de junho (sexta-feira): Passeata da Candelária até a 

Alerj, em conjunto com os bombeiros e funcionalismo estadual. 
Concentração a partir das 13h, na Candelária.

dia 11 de junho (sábado): panfletagens descentralizadas 

de núcleos e regionais na parte da manhã, explicando os 
motivos da greve para a população;

dia 12 de junho (domingo): às 10h, esquina da AVenida 

Princesa Isabel com Atlântica: concentração para uma
 passeta conjunta com bombeiros e demais segmentos 
do funcionalismo até o Posto 6.

dia 13 de junho (segunda-feira): Assembléias locais em

 núcleos e regionais;

dia 14 de junho (terça-feira): Assembléia geral da rede estadual, 

às 14h, no Clube Municipal (Rua Haddock Lobo 359 - tijuca) 
para decidir os rumos da greve.

sábado, 7 de maio de 2011

Rede estadual: veja o que foi deliberado na assembléia do dia 5 de maio na ABI







Veja o que foi deliberado na assembléia da rede estadual de ontem 

(dia 5 de maio) na ABI:

Estado de greve;

Paralisação de 24h no dia 07 de junho com assembléia geral da rede

 às 14h no Salão Nobre  do Club Municipal (Rua  Haddock Lobo, 359 – Tijuca);

Conselho deliberativo no dia 07 de junho a partir de 09h no auditório do SEPE/RJ;

Boicote ao conexão através do não lançamento de notas;

Posicionamento contrário do SEPE em relação ao SAERJ e produção de

 materiais com orientação de não aplicação desta avaliação;

Comando de mobilização na rede: direção do SEPE/RJ, núcleos e regionais, 

acrescida dos profissionais que se dispuseram na assembléia;

Indicativo que as escolas organizem reunião com os pais;

Aprovada moção de apoio à luta dos trabalhadores da educação do 

Espírito Santo.

Calendário complementar:

11 de maio - audiência com o Secretário Estadual de Educação - 

Wilson Risolia, o Secretário de Estado de Planejamento e Gestão - 
Sérgio Ruy Barbosa Martins e alguns  deputados estaduais, às 14h 
no gabinete da Secretaria de Estado de Educação. A audiência 
com o Secretário Risolia, que inicialmente estava marcada para 
o dia 10 de maio, não acontecerá mais em função do agendamento 
dessa mais ampla, do dia 11 de maio.

18 de maio - audiência pública na ALERJ apartir de 10h da manhã - 

prestação de contas da SEEDUC com a presença do Secretário Risolia.


terça-feira, 3 de maio de 2011

GREVE NO MUNICÍPIO E NO ESTADO DO RIO




Amanhã, terça-feira, dia 3 de maio, os profissionais de educação 
da rede municipal do Rio realizam uma paralisação de 24 horas para protestar contra 
a Proposta de Lei Complementar nº 41 do prefeito Eduardo Paes, que está 
para ser votada na Câmara de Vereadores e propõe mudanças na Previdência 
dos servidores, retirando diversos direitos. No mesmo dia haverá um ato 
público na Cinelândia, às 10h; em seguida, às 15h, a categoria realiza 
assembléia no auditório da ABI.

Com a PLC nº 41 serão extintas a integralidade (direito de se aposentar 
com salário integral), a paridade (direito de ter reajuste igual aos servidores ativos),
 e apenas 70% do salário para pensionistas.

Nas 1.052 escolas da rede municipal do Rio (32 mil professores e 
cerca de 700 mil alunos – a maior rede municipal da America Latina), 
os profissionais reivindicam também um reajuste de 21% e o fim da 
terceirização das escolas por fundações e ONGs. O piso do professor é 
de R$ 1.026,00. O do funcionário é R$ 462.

Em 2010, o prefeito Paes chegou a ser condenado pela Justiça Federal por 
manter uma política de não aplicar os 25% da arrecadação municipal no setor,
 o que faz com que a categoria tenha que trabalhar em escolas com 
superlotação de alunos e falta de equipamentos e pessoal. Hoje, a rede municipal 
tem carência de mais de 10 mil professores e 12 mil funcionários, como
 merendeiras, agentes administrativos, pessoal de portaria e inspetores de alunos
 – todos esses profissionais são especializados na segurança das escolas e a 
carência deles agrava a crise de segurança nas unidades.

Escolas estaduais fazem greve de advertência dias 4 e 5 de maio

Os profissionais da rede estadual fazem uma greve de advertência de 48 horas 
na quarta e quinta-feiras (4 e 5 de maio). A paralisação tem o objetivo de exigir 
do governador Sérgio Cabral um reajuste emergencial de 26%; a abertura das 
negociações com o governo; a incorporação imediata da totalidade da gratificação 
do Nova Escola (prevista para terminar somente em 2015); e o descongelamento 
do Plano de Carreira dos Funcionários Administrativos da educação estadual, entre 
outras reivindicações.

No dia 5 de maio o Sepe convoca a categoria para um ato de protesto nas 
escadarias da Alerj, a partir das 10h. Nesta atividade, os profissionais vão 
pressionar os deputados a intercederem junto ao governador para que ele abra 
as negociações com a categoria. A partir das 14h, será a vez da realização de 
uma assembléia geral no auditório da ABI (Rua Araújo Porto Alegre 71 – 9º andar).

Nas 1.652 escolas que integram a rede estadual (70 mil profissionais e 
1,245 milhão de alunos), os profissionais estão mobilizados para conseguir 
reajuste emergencial de 26%. O índice de 26% reivindicado é resultante de 
parte das perdas salariais entre 2009 e 2010. Hoje, um professor do estado
 iniciante (nível 1) recebe um piso salarial de R$ 610,38; já um professor que 
trabalha 22 horas semanais, com 10 anos de rede (nível 3), recebe R$ 766,00.

A situação do funcionário administrativo é ainda pior: se a incorporação do 
Nova Escola fosse feita imediatamente o piso salarial desse funcionário 
atingiria somente R$ 533,00 – menos, portanto, que o salário mínimo nacional,
 que é R$ 545,00.

O Sepe, reiteradamente, tem tentado buscar a via da negociação com 
as autoridades estaduais, mas, desde o início do ano, não tem tido 
resposta do governador aos pedidos de audiência. A última audiência com
 o secretário de Educação Wilson Risolia foi realizada no início de janeiro, 
quando ele convocou o sindicato para fazer uma apresentação do seu 
Plano de Metas e não discutiu as reivindicações da categoria.


domingo, 1 de maio de 2011

Desabafo de uma professora do Estado à Revista Veja



"Sou professora do Estado e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS  razões que  geram este panorama desalentador. 

Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas  para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira. Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que  pais de famílias oriundas da pobreza  trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos  em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras. Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola. 
Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê?  De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida. Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e disciplina. 
Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos,  há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos,  de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.
Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução),  levam alunos à biblioteca e a outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados minuciosamente, como ir ao Beto Carrero. E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes”,  elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;
Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 minutos de intervalo, quando têm de escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde?  Plano de saúde? Muito precário.    Há de se pensar, então, que  são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que  esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia-a-dia,  até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.
Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite. E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.
Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é  porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros.  Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.
Em vez de cronômetros, precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade!  E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo
Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões  (ô, coisa arcaica!), e ainda assim se ouve falar em cronômetros. Francamente!!!
Passou da hora de todos abrirem os olhos  e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de banditismo, e finalmente, se os professores  até agora  não responderam a todas as acusações de serem despreparados e  “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO. Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas."

Segue abaixo o relato de uma pessoa conhecida e séria, que passou recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima. Trata- se de um Brasil que a gente não conhece.



Segue abaixo o relato de uma pessoa conhecida e séria, que passou recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima. Trata- se de um Brasil que a gente não conhece.
 
As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui.
Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução.
Para começar, o mais difícil de encontrar por aqui é roraimense. Pra falar a verdade, acho que a proporção de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto, falta uma identidade com a terra.
Aqui não existem muitos meios de sobrevivência, ou a pessoa é funcionária pública, (e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro) ou a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de Programas do governo. 

Não existe indústria de qualquer tipo. Pouco mais de 70% do território roraimense é demarcado como reserva indígena, portanto restam apenas 30%, descontando- se os rios e as terras improdutivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades.
Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800 km ) existe um trecho de aproximadamente 200 km reserva indígena (Waimiri Atroari) por onde você só passa entre 6:00 da manhã e 6:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos americanos) para que os mesmos não sejam incomodados.
Detalhe: Você não passa se for brasileiro, o acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses. Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e autorização da FUNAI.
Outro detalhe: americanos entram à hora que quiserem. Se você não tem uma autorização da FUNAI mas tem dos americanos então você pode entrar. A maioria dos índios fala a língua nativa além do inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encontrarem- se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas. É comum se encontrar por aqui americano tipo nerd com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas, pasme, se você quiser montar uma empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí, camu-camu etc., medicinais ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar ' royalties' para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia...
Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: Os americanos vão acabar tomando a Amazônia. E em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes. Vou reproduzir a resposta de uma senhora simples que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí:
'Irão não minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa'.
A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas. Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa parceria com o governo colombiano com o pseudo 
objetivo de combater o narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático). Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania venezuelana por cerca de 200 dólares.
Pergunto inocentemente às pessoas:  porque os americanos querem tanto proteger os índios ?  A resposta é absolutamente a mesma, porque as terras indígenas além das riquezas animal e vegetal, da abundância de água, são extremamente ricas em ouro - encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, outras pedras preciosas, minério e nas reservas norte de Roraima e Amazonas, ricas em PETRÓLEO.
Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que é do sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a  alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa.
É, pessoal... saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho.
Será que podemos fazer alguma coisa???
Acho que sim.
Repasse esse e-mail para que um maior número de brasileiros fique sabendo desses absurdos.
Mara Silvia Alexandre Costa
Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.Patog. FMRP - USP
Opinião pessoal:
Gostaria que você que recebeu este e-mail, o repasse para o maior número possível de pessoas. Do meu ponto de vista seria interessante que o país inteiro ficasse sabendo desta situação através dos telejornais antes que isso venha a acontecer.
Afinal foi num momento de fraqueza dos Estados Unidos que os europeus lançaram o Euro, assim poderá se aproveitar esta situação de fraqueza norte-americana (perdas na guerra do Iraque) para revelar isto ao mundo a fim de antecipar a próxima guerra.
Conto com sua participação, noenvio deste e-mail.
Celso Luiz Borges de Oliveira
Doutorando em Água e Solo FEAGRI/UNICAMP

Professor tem de ficar 1/3 da jornada fora de sala, diz ST



Segundo estimativas, as prefeituras terão de contratar mais 180 mil docentes

27 de abril de 2011 | 17h 54
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,stf-impoe-derrota-a-estados-e-municipios-em-votacao-sobre-piso-salarial-dos-professores,711618,0.htm
Mariângela Gallucci - O Estado de S. Paulo
Estados e municípios sofreram nesta quarta-feira uma nova derrota no Supremo Tribunal Federal (STF). A Corte manteve uma regra que garante aos professores da educação básica o direito de ficar fora de sala de aula durante um terço da jornada de trabalho. Os educadores devem usar esse período para desenvolver atividades de planejamento de aulas e aperfeiçoamento profissional.
Conforme estimativas recentes da Confederação Nacional de Municípios (CNM), com a confirmação do direito dos professores de gastarem parte da carga horária com atividades externas, as prefeituras terão de contratar mais 180 mil professores para assegurar aos alunos quatro horas diárias em sala de aula. Isso representará um impacto de R$ 3,1 bilhões nas contas dos municípios.
Só em São Paulo, a rede estadual, que já tem 243 mil docentes, terá de contratar outros 80 mil.
No início do mês, o STF já havia imposto uma derrota às administrações estaduais e municipais ao julgar a ação movida pelos governos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará. Na ocasião, os ministros tinham confirmado a validade da lei que fixou um piso salarial nacional para os professores. O piso atual é de R$ 1.187,97, valor que pode ser elevado com o pagamento de acréscimos e benefícios.
De acordo com estimativas da CNM, será de R$ 5,4 bilhões o impacto do piso nacional acrescido da necessidade de contratar mais 180 mil professores por causa da redução do período em sala de aula. No início do mês, na sessão em que validou o piso nacional, o STF não tinha chegado a uma conclusão sobre a divisão da carga horária dos professores porque o presidente da Corte estava na Itália, participando de compromissos oficiais.
O julgamento foi concluído hoje, quando a votação terminou empatada em 5 a 5. Nesses casos de empate, há um entendimento do STF segundo o qual a ação deve ser julgada improcedente. O ministro José Antonio Dias Toffoli, que poderia desempatar o julgamento, não pode votar porque no passado atuou no processo como advogado-geral da União. Toffoli foi advogado-geral no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Apesar da decisão de hoje, o Judiciário poderá analisar novamente as regras que fixaram a divisão da jornada de trabalho dos professores. Isso porque não foi formada uma maioria na votação. Dessa forma, o resultado do julgamento não teve um efeito vinculante e o assunto poderá ser debatido de novo no futuro durante o julgamento de ações movidas por outros Estados ou municípios.

domingo, 24 de abril de 2011

Descaso com ensino em AL causa evasão escolar


Descaso com ensino em AL causa evasão escolar

Escolas perderam 10 mil alunos entre 2009 e 2010; docentes fazem greve para protestar contra falta de estrutura

24 de abril de 2011 | 0h 00
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110424/not_imp710046,0.php
Ricardo Rodrigues / Maceió - O Estado de S.Paulo
Para denunciar o que chamam de sucateamento do ensino público e protestar contra o reajuste salarial anunciado de 5,91%, os servidores da educação de Alagoas entraram em greve. As escolas municipais de Maceió também estão sem aula há mais de uma semana.
GazetaWeb-18/4/2011
GazetaWeb-18/4/2011
Mobilizados. Professores em frente à Secretaria de Educação
Segundo dados da Secretaria Estadual da Educação e do Esporte, foram matriculados nas escolas públicas de Alagoas, em 2010, 245 mil alunos - cerca de 10 mil a menos que no ano anterior. Para o secretário Rogério Teófilo, a evasão escolar ainda é pequena e vem sendo combatida com o projeto Geração Saber, que conta com recursos federais.
Mas, além da fuga de alunos, as escolas sofrem com a falta de professores e problemas estruturais. O caos na educação pública transformou Alagoas em líder no ranking de analfabetismo.
Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação, Célia Capistrano, a situação é fruto do descaso do governo. "A maioria das escolas funciona de forma precária. Há falta de professores e de condições de trabalho, além de violência."
Advertência. Na última segunda-feira, os servidores da educação anunciaram greve de advertência com duração prevista de 72 horas. Mas, a pedido da direção, funcionários da Escola Estadual Monsenhor Benício de Barros Dantas, no bairro do Poço, em Maceió, não paralisaram as atividades.
"Optamos por não aderir à greve para não atrapalhar as matrículas, já que a escola corre o risco de fechar se não tiver alunos suficientes. Vamos encontrar outra forma de protestar contra esse reajuste ridículo de 5,91%", disse o diretor Carlos Muller.
Por falta de alunos, os turnos vespertino e noturno estão ameaçados de fechar. A escola ocupa um quarteirão inteiro, tem 15 salas de aula e capacidade para mais de 1.800 alunos - mas atualmente conta apenas com 600 matriculados. A evasão obrigou o colégio a ceder parte do terreno para outra unidade de ensino: a escola de educação especial Wandete Gomes de Castro.
Para atrair os estudantes da redondeza, os professores se uniram e bancaram do próprio bolso a pintura e a iluminação da fachada escolar.
Fretado. Outras instituições do Estado enfrentam problemas semelhantes. Algumas não resistiram. Outras só estão funcionando porque recebem alunos de bairros distantes, que chegam em ônibus fretados pela Secretaria Estadual de Educação.
O grupo de prédios do Centro de Pesquisas Aplicadas (Cepa) - onde funcionava na década de 1970 o maior complexo educacional da América Latina, com mais de 20 mil estudantes - está hoje subutilizado.
Se não fossem os alunos da periferia trazidos pelos fretados, o Cepa já teria fechado. A clientela do bairro do Farol, onde o complexo está situado, não frequenta mais a escola pública.
O governador Teotônio Vilela (PSDB) reconhece os problemas da educação, mas afirma acreditar na recuperação do ensino público. Para ele, o projeto Geração Saber é a ferramenta certa para mudar o quadro. Na última quarta-feira, Vilela anunciou a aplicação do piso nacional dos professores e destacou que Alagoas foi um dos primeiros Estados a adotar o novo valor. "Fizemos o dever de casa, ajustamos as contas, reafirmando nosso compromisso com a educação."
Segundo o secretário de Educação, Rogério Teófilo, a pasta vai concluir nos próximos dias a avaliação da pauta de reivindicações apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal).
Sem liberdade

terça-feira, 19 de abril de 2011

Em países onde a educação vai bem, a carreira de professor é valorizada


Em países onde a educação vai bem, a carreira de professor é valorizada

A receita do sucesso nos países onde os alunos recebem os melhores resultados nos testes padronizados internacionais, como o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), está no aumento de salário e na oferta sistemática e estruturada de treinamento profissional dos professores, segundo reportagem de Juliana Doretto publicada na edição desta segunda-feira da Folha.
reportagem completa está disponível para assinantes da Folha e do UOL.
Em Cingapura, por exemplo, que ocupa a segunda posição no ranking de matemática do Pisa, os professores começam a ensinar pelo mesmo salário de um engenheiro contratado pelo governo --cerca de US$2.500 por mês.
Leia a íntegra da entrevista de Lee Sing Kong, diretor do NIE, instituição que forma docentes em Cingapura.
Leia o artigo de Philip Fletcher sobre como os países mais bem sucedidos do Pisa gerenciam o ensino para obter bons resultados. 

18/04/2011 - 03h00

Um momento precípuo na profissão de professores

A primeira reunião internacional de cúpula da profissão de professores (veja aqui site oficial do evento) realizou-se em meados de março passado na cidade de Nova York, organizado pelo Ministério da Educação dos EUA, a OCDE e a Educação Internacional, uma associação internacional de professores.
Todos os 16 países representados eram participantes do Pisa com o desempenho mais alto ou que demonstraram rápidos avanços nas últimas avaliações, tais como Polônia e o Brasil. O propósito da reunião era sondar o que os outros países estão fazendo para incentivar o ensino e a aprendizagem para tentar descobrir o que efetivamente funciona nesse setor.
Como será que os países mais bem sucedidos do Pisa gerenciam o ensino para obter esses bons resultados?
Segundo os representantes dos governos e associações profissionais de ensino nos países de desempenho mais alto do Pisa, a profissão de professor atrai os mais bem-sucedidos alunos formados em cada geração, aplicando os critérios mais exigentes para assegurar os recrutas mais fortes para seus programas de treinamento docente.
Por exemplo, na Finlândia, apenas 1 em cada 10 candidatos entra na profissão depois de cumprir um processo rigoroso de seleção em múltipla etapas que visa recrutar apenas os mais bem qualificados.
A seleção dos professores não se baseia apenas na sua competência cognitiva, mas dá igual importância a seu potencial de liderança, seus valores éticos, disposição para ensinar e sua habilidade e capacidade de comunicar e de se relacionar bem com outras pessoas.
Uma vez que os recrutas dos países de maior desempenho no Pisa entram na profissão, eles participam em média de quinze horas por semana na observação das salas de aula, na colaboração com colegas e em atividades profissionalizantes a longo prazo.
Onde a proficiência dos alunos é mais alta, os professores têm ampla autonomia no desempenho de suas atividades didáticas para alcançar alunos com diversos estilos de aprendizagem. Mesmo nos países com fortes ministérios de educação e currículos nacionais, as escolas e os professores têm liberdade ampla para organizar o ensino de forma que coadune com seus estilos individuais e para satisfazer as necessidades específicas dos alunos com os quais trabalham.
Esses professores apreciam essa autonomia como emblema de seu profissionalismo, o que sustenta a estima e o respeito na comunidade. Nos países onde os alunos recebem os melhores resultados nos testes padronizados internacionais, a remuneração dos professores se encontra no nível dos salários dos engenheiros, médicos e outros profissionais.
No entanto, nenhuma fórmula única cabe a todos. Por exemplo, em Cingapura, os alunos que ser tornarão professores vêm dos 30% mais proficientes do ensino médio. Eles recebem salários competitivos para assegurar que esses egressos mais competentes não migrem para outras profissões igualmente bem remuneradas.
Existe um elenco de oportunidades de careira contínuas e de largo horizonte para professores dentro das salas de aula, como pesquisadores nas diversas áreas de material curricular e na gerência e administração de docentes. A avaliação e a recompensa dos professores apoiam as metas de atrair para a profissão os melhores, prepará-los com o melhor treinamento e experiência, oferecendo apoio para aprimorar o ensino e incentivar seu melhor desempenho.
Uma parte substancial da recompensa financeira dos professores em Cingapura, entre 10% e 30%, é baseada no seu desempenho, e essa parcela aumenta com o número de anos na profissão.
O verdadeiro impacto de um evento como esse dependerá efetivamente do que se fizer a partir do que foi ouvido. Isso requer um esforço consultivo entre todos que estiveram presentes e um compromisso de diálogo respeitoso para enfrentar os desafios difíceis, porém necessários, que o Brasil deve enfrentar para alcançar o patamar dos países de alto desempenho na educação.
Philip Fletcher é membro do conselho consultivo da Avalia Educacional, empresa de avaliação de escolas e sistemas de ensino do grupo Santillana. No Brasil, foi consultor do Ministério da Educação e assessor da Fundação Carlos Chagas, em trabalhos com o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica).


18/04/2011 - 03h00

Em Cingapura, professor recebe salário enquanto estuda

Leia a seguir a íntegra da entrevista com o professor Lee Sing Kong, diretor do NIE (Instituto Nacional de Educação, em inglês), única instituição que forma docentes em Cingapura. Ele veio ao país para participar do segundo Seminário Internacional de Práticas Inovadoras para a Educação, promovido na semana passada, em São Paulo.
O instituto foi importante para a última reforma educacional do país, desenvolvida na década de 90, a "Thinking Schools Learning Nation" [Pensando escolas, nação aprendendo, em tradução livre]?
O NIE desempenha um papel fundamental em todas as iniciativas de reforma na área, já que os professores devem entender o que elas [as reformas] significam e saber que são instrumentos para que tenham impacto. Com o lançamento da "Thinking", em 1997, o papel dos professores mudou: de apenas transmitir conteúdo para contribuir para o desenvolvimento integral de todos os alunos, ajudando-os a descobrir seus talentos. Tomemos a ciência como exemplo. Se os professores fazem perguntas para criar uma curiosidade entre os estudantes, os alunos podem ser encorajados a pensar e a descobrir. Com a mudança do papel dos professores, a nossa forma de treinar também deve evoluir.
Como o instituto cuida da formação de professores em Cingapura?
O recrutamento de candidatos para o ensino público é realizado pelo Ministério da Educação (MOE), com ajuda do NIE. Logo, todos os estudantes-professores são na verdade funcionários do MOE. O ministério paga os custos da formação, e os professores alunos também recebem um salário enquanto estudam. Nosso trabalho principal é treinar professores iniciantes, mas também oferecemos pós-graduação para professores já em serviço. Em média, o NIE forma cerca de 2.000 professores iniciantes anualmente e aproximadamente 700 mestres.
Como os professores podem progredir na carreira?
Os professores em Cingapura são avaliados anualmente. Os critérios estão claramente expostos no "Enhanced Performance Management System" [Sistema de Gestão de Desempenho Aprimorado]. Diretores, vice-diretores e chefes de departamentos usam esses critérios para avaliar os professores, face a face. O processo de avaliação também ajuda os professores a orientar seus caminhos de desenvolvimento profissional. Professores com um bom desempenho são promovidos.
O NIE também desenvolve novas práticas de ensino que são adotadas nas escolas. Como isso funciona?
O NIE, sendo o instituto nacional de formação de professores, realiza extensa pesquisa com o objetivo de adotar os resultados nas práticas de sala de aula. Trabalhamos em estreita colaboração com os professores no processo de condução dessas pesquisas e, se forem implementadas, oferecemos treinamento profissional sobre como adotar tais práticas. A capacidade dos professores precisa ser construída antes que qualquer mudança nas práticas de sala de aula possa ser introduzida.
Um exemplo simples é o uso de dispositivos móveis para a aprendizagem contínua. Palmtops ou celulares têm sido adotados como ferramentas que permitem aos alunos aprender dentro e fora da sala. Os professores são preparados para facilitar essa aprendizagem. Então, isso é adotado em algumas escolas e depois ampliado para outras.
As escolas de Cingapura têm autonomia e têm de definir algumas metas de trabalho, cenário que lembra o mundo dos negócios. Isso funciona em um sistema educacional?
O Ministério da Educação tem uma estrutura chamada de "Modelo de Escola de Excelência", que orienta as escolas sobre como planejar suas metas e estratégias de desenvolvimento. Cada escola é diferente da outra e cada escola pode definir seus próprios objetivos e estratégias. Isso oferece a autonomia de traçar seu ritmo de desenvolvimento. Esse modelo também orienta as escolas em como avaliar seu progresso e suas realizações. A cada cinco anos aproximadamente, um grupo de avaliação externa vai visitar a escola.
O senhor acredita que a experiência de Cingapura possa ser usada aqui?
Uma diferença fundamental é que o sistema de ensino no Brasil é muito maior que o de Cingapura. Um país não pode transportar totalmente o sistema de outro país, já que o contexto, a cultura e o "ethos" nacional podem ser diferentes. Mas podemos sempre aprender uns com os outros. O sistema de Cingapura tem evoluído assim.

Editoria de Arte / Folhapress